É
importante que seja discutido o sentido
da palavra “paradigma” termo utilizado pela primeira vez por Thomas Kuhn em seu
livro “ A Estrutura das Revoluções Científicas “ (1962) que o definiu da
seguinte forma:
“um
paradigma é um esquema para a compreensão e explicação de certos aspectos da
realidade.”
A
maneira de se ver a realidade não é extática, muito pelo contrário, seu caráter
dinâmico a faz sempre ser influenciada pela cultura vigente, dela não podendo
fugir. Para citar um exemplo de fácil compreensão, vamos lembrar que na
antiguidade pensava-se ser a Terra fixa e o sol, bem como os demais planetas é
que giravam ao seu redor. Esta era a realidade estabelecida desde os estudos de
Ptolomeu no Egito. Todos acreditavam sem contestação neste conceito e esse
paradigma (geocêntrico) durou séculos até que outro cientista, Nicolau
Copérnico com suas pesquisas, posteriormente abraçadas por Galileu veio
demonstrar que era a Terra (bem como os demais planetas) que girava ao redor do
sol (paradigma heliocêntrico).
Podemos
observar que o conhecimento humano vem evoluindo em fases alternantes de
calmaria e agitação, onde crenças tidas como imutáveis são refutadas e
substituídas por novas formas de pensar.
Um
conjunto de idéias (paradigma) é plenamente aceito como verdadeiro até que
venha a ser contestado por indivíduos inquietos intelectualmente que acabam
desenvolvendo novas formas de encarar velhas idéias. Esses pesquisadores,
verdadeiros pioneiros, são considerados “loucos” e visionários pelo establishment,
sendo com freqüência discriminados e queimados nas fogueiras da intolerância
acadêmica. Alguns desses indivíduos são mesmo loucos e acabam esquecidos;
outros, entretanto, são capazes de enxergar além do seu tempo, ver o que a
maioria dos comuns não consegue sequer imaginar e acabam fincando as balizas de
novos paradigmas, trazendo salutar renovação para o conhecimento que, desta
maneira, se atualiza e amplia cada vez mais.
Liberto
dos tentáculos asfixiantes do dogmatismo religioso que dominou toda a idade
média, o homem começou a mergulhar na busca das causas das coisas, direcionando
o foco das suas investigações para a intimidade da matéria. Dessa forma
assistimos ao nascimento do pensamento científico ocidental, estruturado nos
trabalhos de duas grandes figuras da humanidade – René Descartes e Isaac
Newton.
O
matemático e filósofo francês influenciou o conhecimento com o seu método
analítico, onde decompunha o objeto de estudo em suas partes componentes,
dispondo-as de forma lógica e plenamente entendível. Em toda sua obra
percebe-se claramente a separação entre mente e matéria. Já o físico,
matemático e astrônomo inglês Isaac Newton introduziu conceitos como a noção da
gravitação universal e o movimento dos planetas, fundamentando os alicerces da
física e da matemática que iriam se desenvolver até seu estágio atual,
estabelecendo em toda comunidade científica uma maneira de ver as coisas – um
paradigma baseado na estrutura material do universo.
O
aspecto mecanicista/reducionista que caracteriza o paradigma newtoniano se
consolidou com o desenvolvimento da teoria atômica da matéria. O universo
passou a ser visto como uma gigantesca máquina e os cientistas passaram a
buscar o completo domínio da natureza. Data desta época o desenvolvimento da
biologia, iniciando as primeiras pesquisas na área da genética.
Com
o passar do tempo, o pensamento científico mecanicista não resistiu às
descobertas da física quântica, iniciadas com a teoria da relatividade de
Albert Einstein e com o estudo da natureza dual da luz que ora se comportava
como onda, ora como partícula. Tais descobertas acabaram por abrir espaço para
um novo modelo, o paradigma holístico (do grego holos = todo), onde o
importante na compreensão dos processos e eventos que ocorrem no universo não
são as partes que compõe esses processos e sim o seu conjunto e interatividade.
Como as inúmeras peças de um quebra-cabeça que, quando misturadas de forma
aleatória não fazem nenhum sentido, mas que agrupadas de forma coerente e
visualizadas de maneira global, adquirem significado específico.
Muitas
vezes, dois ou mais paradigmas podem coexistir ao mesmo tempo, o que acaba
sempre acarretando disputas ferrenhas pelo poder do saber acadêmico. No momento
atual, assistimos a uma transição de paradigmas, o que justifica a polêmica e a
discussão dos diversos recursos da chamada medicina vibracional que levantam a
questão dos componentes não físicos no ser humano. Enquanto o paradigma
newtoniano enxerga o universo como uma imensa máquina que, para funcionar
depende da integridade de suas peças, a visão holística, sem negar o
determinismo das leis da natureza, percebe o universo como uma imensa teia
derelações dinâmicas.
O
paradigma newtoniano, ainda aceito pela ciência tradicional vem dominando
amplamente nossa cultura há quase 400 anos e teve o mérito de enfrentar os
rígidos dogmas da igreja que amordaçavam o pensamento humano durante toda a
idade média. Entretanto, como todo paradigma, encerra uma filosofia subjacente
que passa a ser a maneira como percebemos o mundo, ao nos libertar das
crendices e superstições, mergulhou-nos num materialismo radical onde a
realidade seria aceita apenas como tudo que nos impressionasse os sentidos
físicos. Tal visão, sem dúvida, influenciou os costumes, a educação, as artes e
os sistemas políticos de nossa época. O homem acabou perdendo o referencial
espiritual, passando apenas a existir no reino da matéria, tendo como objetivo
final, o domínio absoluto sobre a natureza e sobre o universo.